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Setor de frutas avança nas exportações no início de 2025

Porta de saída de 50% das frutas brasileiras, CE terá melão para exportação


Demanda internacional aquecida e condições climáticas favoreceram o crescimento neste primeiro trimestre -  O setor de fruticultura brasileira teve um desempenho expressivo no primeiro trimestre de 2025. Segundo dados da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas (Abrafrutas), por meio da plataforma AgroStat, do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) as exportações totais de frutas somaram cerca de US$ 280 milhões, o que representa um aumento de 1,47% em valor e 24,78% em volume, em relação ao mesmo período de 2024.

Entre os destaques do período estão o melão (US$ 70,9 milhões e 93,2 mil toneladas), com crescimento de 22,68% em valor e 24,55% em volume; a melancia (US$ 32,1 milhões e 52,9 mil toneladas), com alta de 90,88% em valor e 90,15% em volume; o limão/lima (US$ 40,2 milhões e 47,6 mil toneladas), com aumento de 7% em valor e 20,38% em volume; e a banana (US$ 5,8 milhões e 15 mil toneladas), que cresceu 74,26% em valor e 131,22% em volume.

O bom desempenho dessas frutas é atribuído à demanda internacional aquecida, aos investimentos do setor em qualidade, tecnologia e logística, à abertura de novos mercados e, também, às condições climáticas favoráveis durante a safra 2024/2025, que contribuíram para o padrão de qualidade exigido pelo mercado externo.

maçã também apresentou forte recuperação, com crescimento de 93,64% em valor e 85,63% em volume, resultado direto de uma safra mais regular, após os prejuízos causados por eventos climáticos na temporada anterior nas principais regiões produtoras do Sul do país.

Foto: Clas Comunicação e Marketing/Petrolina-PE/Carlos Laerte

Apesar do cenário positivo no trimestre, algumas frutas apresentaram queda nas exportações. A manga teve retração de 48,94% em valor e 13,01% em volume, enquanto a uva caiu 23,13% em valor e 9,37% em volume. O resultado em ambas as culturas, segundo o presidente da Abrafrutas, Guilherme Coelho,  pode ser atribuído, principalmente, ao mercado interno aquecido com preços competitivos em relação à exportação.

Para o presidente da Abrafrutas, os números são animadores: "Esses resultados refletem o esforço do setor produtivo, o investimento em qualidade e logística, e a abertura de novos mercados. esse crescimento mostra que estamos no caminho certo para consolidar o Brasil como referência mundial em frutas tropicais. Mesmo com quedas pontuais em algumas frutas, o saldo é muito positivo". *Abrafrutas - 22/04/2025. 

Porta de saída de 50% das frutas brasileiras, CE terá melão para exportação - A exportação, via porto do Pecém, é a que mais leva as frutas para fora do país. Estado a a contar, agora, com rota aérea através de voo semanal da Latam para Portugal - A Itaueira anuncia a retomada da produção do melão em solo cearense a partir do segundo semestre. Foto: Itaueira/Divulgação.

Melões, melancias e bananas. Essas são consideradas as principais frutas exportadas do Ceará para o mundo. Somente em 2024, saíram da Companhia de Desenvolvimento do Complexo Industrial e Portuário do Pecém, mais de 160 mil toneladas de frutas, representando cerca de R$ 1 bilhão em mercadorias. O estado é o quarto do Nordeste que mais exporta frutas no país, ficando atrás do Rio Grande do NorteBahia e Pernambuco. Dados deste ano apontam que o Ceará já exportou cerca de 30 mil toneladas.

O transporte em sua maioria é portuário, mas o aéreo também possui uma fatia de viagens. Recém-inaugurada, a rota operacionada pela Latam entre Portugal e Fortaleza prevê um transporte semanal de mais de 20 toneladas de frutas partindo da capital cearense. A produção é feita em diversos municípios, dentre eles: Icapuí, Aquiraz, Fortaleza, Itapipoca e Aracati.

Nesse contexto, a Itaueiraprodutora de melão nos estados da Bahia (Ribeira do Amparo) e Piauí (Canto do Buriti), anuncia a retomada da produção em solo cearense. A empresa já exporta, através do Porto do Pecém. O gerente de Vendas Internacional da Itaueira, Aryan Schut, celebra essa nova fase.

"A Itaueira voltará a produzir melões no Ceará no segundo semestre de 2025, após 7 anos produzindo nos estados da Bahia e Piaui. A retomada das atividades em solo cearense é uma "volta pra casa" e é motivo de muita alegria para nós. A área plantada no município de Morada Nova será responsável por um incremento de até 20% do volume anual produzido pela empresa", destaca.

O melão amarelo está na liderança do tipo mais exportado - Foto: Itaueira/Divulgação

Além do melão Amarelo, outras variedades serão exportadas em fase de teste, com destaque para a mini melancia sem semente e os melões Cantalupe, Galia, Pele de Sapo e Matisse, enviados, principalmente pelo modal marítimo, através dos portos de Fortaleza e do Pecém. Aryan explica que as exportações de produtos perecíveis são possíveis graças à tecnificação cada vez maior dos produtores, para garantir a boa chegada das frutas no destino.

"São adotados protocolos especiais na produção, colheita, pós colheita e o embarque em contêineres refrigerados com controle de temperatura, humidade e ventilação", detalha.

O empresário da Tropical Nordeste e diretor-técnico da Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas), Edson Brok, é um dos maiores exportadores de banana do Ceará, através da marca Pura Vida. A produção é feita na fazenda que fica em Limoeiro do Norte, no Vale do Jaguaribe. Por lá, são produzidos cerca de 310 hectares da fruta por ano, sendo a popularmente conhecida como nanica, a mais comercializada, principalmente pela resistência ao tempo, sem perder a qualidade com as diversas formas de envio.

Edson Brok é um dos maiores exportadores de banana do Ceará Foto: Divulgação

"O destino prioritário das frutas cearenses é a Europa. O Nordeste todo é privilegiado. O Ceará é privilegiado pela logística. Nós temos aqui navios saindo para os Estados Unidos, mas principalmente para Europa com serviços semanais", destaca.

Ele ressalta que o transporte marítimo é o mais utilizado. Os produtos perecíveis são enviados em containers reefer, que mantém a qualidade das frutas.

Os principais países são Holanda, Itália, e Espanha. A União Europeia é o grande destino das frutas brasileiras, por enquanto. Temos também os Estados Unidos em outra escala, mas a grande escala é Europa. Também não podemos esquecer do Reino Unido, que é um dos melhores mercados para se trabalhar, tanto em qualidade como também em fluxo de de navios", explica. 

Segundo Karine Frota, metade das frutas brasileiras exportadas para outros países sai através do Ceará. Foto: Divulgação/FIEC

Análise da exportação - Karina Frota, gerente do Centro Internacional de Negócios (CIN) da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), afirma que, considerando o ano de 2024, o Ceará oscilou entre a quarta e quinta posição no ranking dos Estados Exportadores do Setor de Frutas. Porém, ela enfatiza a importância cearense nessa movimentação econômica e lembra que 50% das frutas exportadas pelo Brasil saem através do Ceará.

"Por conta da safra, o segundo semestre é sempre mais movimentado que o primeiro. O Ceará também participa assiduamente dos grandes eventos internacionais, o que resulta em diversas oportunidades de negócios. Temos um porto com tomadas elétricas em quantidade significativa para os contêineres frigorificados. Aumentamos o plantio de melão em 2025, o que reforça a perspectiva de aumento na exportação", analisa. 

Futuro - Em relação às recentes tarifas norte-americanas, Karina diz que o cenário mundial a por uma instabilidade é preciso cautela. "Muitas perguntas, poucas respostas. A economia mundial entrou em um terreno infértil. *Fonte: Movimento Economico/Bruno Brandão - Abrafrutas - 22/04/2025.

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