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Alta oferta derruba preços de citros no RS e infestação de mosca-das-frutas acende alerta entre produtores

Paraná vira referência nacional no combate ao greening e recebe fiscais de SC e RS para intercâmbio técnico


Queda nos preços impulsionada pela alta oferta - O Informativo Conjuntural da Emater/RS-Ascar, divulgado na última quinta-feira (22), apontou uma queda nos preços dos citros na região istrativa de Caxias do Sul (RS). A redução foi atribuída à combinação entre alta oferta e baixa demanda, reflexo de uma safra considerada adequada para a região.

Segundo o relatório, variações de temperatura e o retorno das chuvas favoreceram o bom desenvolvimento das lavouras. As práticas culturais continuam em andamento, incluindo raleio, roçadas, adubação de cobertura e tratamentos com fungicidas. 

Colheita e doenças nas principais variedades - A colheita das bergamotas da variedade Caí já começou nas áreas de microclima mais quente, como os vales dos rios das Antas e Caí. Nesses locais, também já ocorre a colheita da variedade Ponkan. Nas demais regiões, as frutas ainda estão em estágio inicial de maturação.

Foram registrados sintomas de pinta-preta nas bergamotas Caí, e, nas laranjeiras, produtores têm aplicado fungicidas e produtos cúpricos para controlar a propagação do cancro-cítrico.

Os preços médios observados foram:

  • R$ 1,75/kg para bergamotas Caí e Ponkan - R$ 2,50/kg para laranjas Bahia e Baianinha.  
  • Impactos em Santa Rosa - Na região de Santa Rosa, segue a colheita de limão Tahiti e comum, além das bergamotas Okitsu, Caí e Ponkan. A escassez de chuvas em fases cruciais do ciclo reduziu o teor de suco e aumentou o volume de bagaço nas frutas. Foram identificadas infestações de mosca-negra-dos-citros, larva-minadora e cancro-cítrico em pomares estabelecidos. 
  • Mosca-das-frutas preocupa citricultores em Alegrete - No município de Alegrete, pertencente à região istrativa de Bagé, a infestação de mosca-das-frutas tem causado preocupação entre os produtores. Apesar disso, as chuvas regulares contribuíram para melhorar o calibre dos frutos, ajudando a reduzir perdas decorrentes da estiagem anterior. A colheita de laranja e limão segue em andamento. 
  • Desenvolvimento favorecido pelas chuvas em Erechim - Em Erechim, o desenvolvimento das frutas foi beneficiado pelas chuvas ocasionais, resultando em melhor calibre. A colheita continua para bergamota Caí, variedades comuns e laranjas Rubi, Iapar e Salustiana. A região também planeja expandir o cultivo em mais 700 hectares. 
  • Colheita avança em Soledade - Na região de Soledade, a colheita da bergamota Ponkan avança, junto com o início da colheita das variedades comum, Pareci e Caí. Também teve início, ainda que em menor escala, a colheita da laranja de umbigo precoce. Os produtores seguem com o manejo para o controle da mosca-das-frutas. 
  • Citricultura orgânica em expansão limitada em Pelotas - Em Pelotas, um projeto de citricultura orgânica desenvolvido por uma cooperativa em parceria com a Emater/RS-Ascar segue em andamento desde 2023. O programa reúne produtores de sete municípios, que atualmente se preparam para novos plantios. *Portal do Agronegócio

No entanto, a expansão da área cultivada para 2025 está comprometida pela falta de mudas no Estado, que, por estar em zona livre do greening, não pode importar plantas de outras regiões afetadas pela doença.  

Paraná vira referência nacional no combate ao greening e recebe fiscais de SC e RS para intercâmbio técnico - Missão técnica percorre cidades paranaenses para conhecer práticas de erradicação, educação sanitária e controle biológico da principal ameaça à citricultura nacional Paraná compartilha experiência bem-sucedida contra o greening - O Estado do Paraná, especialmente a região Noroeste, se consolidou como referência nacional no combate ao greening (HLB), uma das doenças mais devastadoras da citricultura. Nesta semana, fiscais agropecuários de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul estiveram no estado para conhecer de perto as ações integradas entre o setor público e privado que têm mostrado resultados expressivos no controle da doença. 

Visitas técnicas a Paranavaí e Londrina marcam a missão - A programação teve início nesta terça-feira (27), em Paranavaí - maior produtor de laranja do Paraná - com visitas a pomares comerciais e à indústria de sucos Prat's, parceira ativa no enfrentamento ao greening. Também está prevista uma visita ao IDR-Paraná, em Londrina, para que os fiscais conheçam pesquisas voltadas ao controle biológico da doença. Foto: Evandro Fadel

Em 2023, Paranavaí produziu 184 mil toneladas de laranja em 4,6 mil hectares, resultando em um Valor Bruto de Produção (VBP) de R$ 189,1 milhões, segundo o Departamento de Economia Rural (Deral). 

Mais de 1 milhão de plantas já foram erradicadas no Paraná - Desde o início do combate intensificado ao greening, o Paraná já erradicou mais de 1 milhão de plantas contaminadas ou com risco de contaminação, tanto em áreas urbanas como em propriedades comerciais e não comerciais. A ação visa proteger a cadeia produtiva de citros, que inclui culturas como laranja, limão e tangerina. 

Trabalho conjunto é essencial, diz Adapar - "A única forma de controlar essa doença é com a participação de todos. No Paraná, o Governo do Estado, prefeituras, indústrias, cooperativas e produtores estão unindo forças para tornar o combate mais efetivo", destacou a coordenadora do programa de Citricultura da Adapar, Caroline Garbuio. Ela ressaltou ainda que a visita dos técnicos dos estados do Sul pode marcar o início de uma atuação conjunta entre os três estados. 

Santa Catarina busca replicar boas práticas do Paraná - Santa Catarina enfrenta focos de greening desde 2022, especialmente no Extremo Oeste. Em 2024, o estado monitora 140 pontos como forma de prevenção. Segundo a gestora da Divisão de Defesa Sanitária Vegetal da Cidasc, Fabiana Alexandre Branco, a citricultura é essencial para a agricultura familiar catarinense.

"Manter o greening sob controle é garantir a permanência dessas famílias na citricultura. Queremos replicar as ações que a Adapar desenvolve com os municípios, como erradicação, educação sanitária, conscientização e proibição de mudas clandestinas", afirmou. 

RS teme chegada da doença e destaca risco social - O Rio Grande do Sul ainda não registra casos da doença, mas está cercado por áreas afetadas, como Uruguai, Argentina e Santa Catarina. O estado possui 34 mil hectares de citros, cultivados principalmente por pequenos produtores.

"Se o greening entrar, o impacto será não apenas econômico, mas também social, pois muitas cidades vivem basicamente da citricultura", alertou Alonso Duarte de Andrade, chefe do Departamento de Defesa Vegetal do estado. Ele considera essencial a troca de experiências entre os três estados do Sul. "Não há fronteiras para pragas. Toda a cadeia deve estar alinhada, da produção à logística", afirmou. 

Medidas adotadas pelo Paraná desde 2022 fortalecem o combate - O greening foi identificado pela primeira vez no Paraná em 2006, mas foi a partir de 2022 que o enfrentamento ganhou força. Um dos marcos foi a publicação do Decreto 4.502/2023, que declara estado de emergência fitossanitária e autoriza a Adapar a erradicar plantas hospedeiras sem manejo e aplicar sanções a proprietários que descumprirem as normas.

Além disso, o estado criou a Câmara Técnica de Citricultura, com participação de entidades públicas e privadas, e organizou três edições da operação BIG Citros, que uniram fiscalização, erradicação de plantas e ações educativas em municípios como Paranavaí, Umuarama, Maringá, Londrina e Cornélio Procópio. 

Doença compromete frutos e ameaça lavouras - Causado pela bactéria Candidatus Liberibacter spp e transmitido pelo inseto Diaphorina citri, o greening compromete a saúde das plantas cítricas, provocando a queda precoce dos frutos, deformações, redução de açúcares, aumento da acidez e morte das árvores. A doença torna os frutos impróprios para consumo e afeta a indústria de processamento.

No Brasil, atualmente a erradicação obrigatória se aplica a pomares com até oito anos, mas o Ministério da Agricultura e Pecuária avalia mudanças para ampliar a exigência a todas as idades das plantas. 

Produção de citros é destaque na agricultura paranaense - A citricultura é o principal segmento da fruticultura no Paraná, terceiro maior produtor de citros do Brasil. Em 2023, segundo o Deral, o estado cultivou 29,3 mil hectares de laranja, tangerina e limão. A produção totalizou 860,9 mil toneladas, sendo:

  • Laranja: 731,6 mil toneladas (R$ 751,9 milhões em VBP)
  • Tangerina: 94,4 mil toneladas (R$ 177,4 milhões em VBP)
  • Limão: 34,7 mil toneladas (R$ 55,9 milhões em VBP)

O secretário da Agricultura de Paranavaí, Tarcísio Barbosa de Souza, destacou o esforço conjunto: "Temos uma equipe técnica excelente, produtores conscientes e municípios engajados. Já estamos mudando a realidade do Paraná e queremos estender essa transformação ao Sul e a todo o Brasil". *Portal do Agronegócio - 27/05/2025.

 

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